Um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que, em 2016, foram criadas 44,7 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mundo. Desse total, apenas 20% (ou seja, 8,9 milhões de toneladas) foram reciclados.
Muitas empresas de tecnologia já investem em programas de reciclagem e logística reversa para garantir que seus produtos tenham a destinação correta quando chegarem ao fim de suas vidas úteis. Mesmo assim, ainda falta muito para uma conscientização verdadeiramente ampla sobre o assunto.
Uma das companhias mais empenhadas em escala global é a Apple. Em seu galpão têm um robô chamado Daisy, ele é capaz de desconstruir qualquer um dos modelos de iPhone lançados desde 2012 (do 5 ao XS): eles retiram tela, bateria, parafusos, sensores, placa lógica e demais componentes. A Daisy é a segunda geração de robôs recicladores da Apple. O foco nos smartphones é proposital: além de serem difíceis de reciclar, foram comercializadas centenas de milhões deles — para se ter ideia, só no ano passado, a empresa vendeu cerca de 218 milhões de unidades.
A organização quer compartilhar o aprendizado obtido com ela. Dessa forma, quer tornar a reciclagem de eletrônicos melhor em diferentes companhias ao redor do mundo.
Infelizmente, a reciclagem de outros equipamentos é feita de forma diferente. Os aparelhos são quebrados para que seus componentes internos sejam expostos. Com isso, é comum que os elementos sejam misturados e, em geral, sua reciclagem acabe prejudicada.
A indústria de tecnologia em geral representa um custo alto para a sociedade. São muitas toneladas de alumínio, cobalto, cobre, vidro, ouro, lítio, papel, plástico, aço, tântalo, estanho, tungstênio, zinco e outros materiais que são derretidos, fundidos, comprimidos e polidos para se transformar em produtos.
O upgrade de equipamentos é incentivado continuamente pela indústria de tecnologia — que, muitas vezes, aposta na obsolescência programada para continuar a vender aparelhos
É preciso que os clientes retornem os produtos à marca quando quiserem substituí-los: campanhas que oferecem descontos em troca de aparelhos usados são cada vez mais frequentes. A ideia é criar um círculo virtuoso de reciclagem. E aí vale tanto reformar modelos para que sejam usados por outros clientes quanto extrair componentes internos e reciclá-los para que sejam usados em novos produtos.
Além da Apple, outras marcas já buscam aproveitar itens reciclados. A Lenovo, por exemplo, maior fabricante de computadores do mundo como parte de sua política de responsabilidade social, tem usado cada vez mais plástico reciclado em sua linha de equipamentos.
A HP, que detém o segundo lugar no ranking de fabricantes de computadores, tem produtos feitos de plástico reciclado. A Dell, terceira maior fabricante de computadores do mercado, usa plástico retirado dos oceanos em suas embalagens. Além disso, a companhia pratica uma política de recolhimento de seus equipamentos.
Maior fabricante de celulares do mundo, a Samsung recuperou 2,64 milhões de toneladas de produtos para serem reciclados entre 2009 e 2016. A companhia acredita que o conceito de economia circular é essencial nesse processo.
A chinesa Huawei tem trabalhado para incentivar justamente a logística reversa: entre 2017 e março de 2019, mais de 850 toneladas de equipamentos da marca foram reaproveitadas só no Brasil. A Huawei é outra que aposta na economia circular: a ideia é que todos os recursos sejam reutilizados de modo a maximizar o valor do produto e reduzir o consumo e o desperdício, bem como o impacto no meio ambiente.
Enquanto isso, cada um de nós pode fazer sua parte: vale a pena procurar informações sobre os programas de reciclagem das marcas dos produtos que se tem nas empresas e aplicar programas parecidos para seus clientes. E se elas não tiverem uma política nesse sentido, existem organizações especializadas nisso. Assim, pensando no bem de todos, evitamos sobrecarregar o meio ambiente.
Deixe um comentário