“Acredito que seja o momento de se reinventar”
Entrevista a Eduardo Varela, Director Comercial de Diamond Brasil, para o Guia do Reciclador
Quando em fevereiro de 2004 lançamos nossa primeira edição do Guia do Reciclador em português, a Diamond Brasil foi uma das empresas que apoiou o projeto confiando em nossos objetivos como meio independente e sabendo da necessidade do mercado brasileiro de contar com empresas comprometidas com o crescimento da indústria. Sete anos depois, me dá muita alegria não apenas por continuar contando com esse apoio, mas também por ver o grande crescimento que a Diamond alcançou nesse período.
Muitos que já visitaram ou visitarão as novas instalações da empresa com certeza perguntarão qual é o segredo que guardam os irmãos Varela para terem alcançado tanto sucesso. Alguns poderão pensar que é o resultado de terem estado no lugar certo e no momento certo, outros dirão que eles abocanharam a participação de mercado de empresas que faliram ou que diminuíram seu volume de negócios no Brasil. Me inclino a pensar que, qualquer que seja o segredo, seu sucesso vem acompanhado de decisões corretas, compromisso com o mercado, visão empresarial e uma grande carga diária de trabalho. Fomos com o Guia do Reciclador conhecer o enorme edifício no bairro de São Judas e aproveitamos a visita para, entre um café e outro, conversar com Eduardo Varela, Diretor comercial da empresa, sobre o momento atual da Diamond e seus pensamentos sobre o presente da remanufatura no Brasil. De todas as frases que escutei de Eduardo, escolhi a que intitula a entrevista porque coincido com a necessidade do setor de trabalhar sobre novos conceitos que determinam hoje o rumo do negócio.
O que motivou a mudança da empresa para um novo edifício?
Em2009 aDiamond Brasil já estava consolidada no mercado com uma linha de produtos conhecida e respeitada pela sua qualidade e pelo atendimento aos clientes, o que gerou uma demanda positiva e expressiva, que por sua vez gerou um problema de logística: o espaço que tínhamos não era suficiente para abrigar a operação Diamond, que pedia para crescer. Assim saímos à busca de uma nova sede que pudesse abrigar toda essa nova demanda e ainda incluir novas linhas de produtos. Isso se concretizou mais de um ano depois quando em Outubro de 2010 mudamos para nova sede com mais de 3.000m2.
Quais são as perspectivas da Diamond Brasil para o ano de 2011?
Temos como meta para 2011 expandir nossa participação de mercado, inserindo novos produtos e serviços, reformulamos toda a estrutura operacional da empresa para poder atender as expectativas de nossos clientes, garantindo a qualidade de produtos e atendimento. Entendemos que o mercado ainda carece de empresas confiáveis que respeitam as necessidades de seus clientes e cumprem o negociado de maneira clara e ética.
Quais foram as maiores mudanças sofridas pelo mercado de remanufatura se comparando a época em que você iniciou suas atividades e a situação atual?
Minha ligação pessoal com o mercado de remanufatura vem de antes do inicio das atividades da Diamond Brasil, em 1992 quando trabalhava com TI, assistindo vários clientes em redes e manutenção de computadores. Já nesta época eu arrendava impressoras como a HP LJ4 a alguns escritórios de clientes, uma época em que o valor de um cartucho remanufaturado mantinha até 70% do valor do original, ou pelo menos era o valor que eu negociava, pois eram raras as empresas de remanufatura, meus clientes nem sabiam que o cartucho que eu incluía no contrato de arrendamento era remanufaturado, para eles bastava que eu mantivesse a impressora imprimindo com qualidade. Já em 2002 quando a Diamond Brasil iniciou suas atividades a situação de mercado era outra, muitas empresas de remanufatura competindo por clientes cada vez mais cientes do produto, os bancos principalmente o Banco do Brasil que iniciou seu programa de reaproveitamento em meados de 1999, atestando publicamente o uso do remanufaturado impulsionavam o mercado.
Hoje a realidade mudou muito, temos os OEM (Original Equipment Manufacturer) fazendo forte propaganda contra os produtos remanufaturados e se isso só não bastasse ainda temos a entrada dos compatíveis vindos de fora, que não geram empregos como a indústria de remanufatura. Acredito que seja o momento de se reinventar, o mercado deve buscar atender o cliente não apenas com um produto e sim com um pacote de serviços, terceirização do parque de impressão o conhecido custo por pagina, ou também os outsourcing de impressão onde o próprio remanufaturador se torna também um bureau de impressão, o importante é que o remanufaturador dialogue com seu cliente e entenda as necessidades desse cliente para poder oferecer a melhor solução em impressão.
Do seu ponto de vista, como avalia a penetração dos compatíveis em nossa indústria?
Muito forte, é impossível não ver o quanto eles já afetaram nosso mercado, tenho conversado com algums clientes que já admitiram redução de pessoal técnico em remanufatura, pois preferem comprar os compatíveis e revende-los.
Vejo isso com pesar, pois não é bom para o país e para o nosso futuro. Analisando o problema entendo que nossa carga tributária tem influencia em dois aspectos básicos:
1º Atingindo o custo da mão de obra, não há como comparar o custo da mão de obra que fabrica o compatível na China com o custo da mão de obra no Brasil.
2º Os impostos completamente invertidos no que diz respeito ao produto acabado x insumo, só para ilustrar o cartucho compatível entra no Brasil com Imposto de Importação de 0%, já o pó de toner, por exemplo, tem 14% de imposto de importação, isso sem falar de IPI e ICM onde o quadro é parecido. Modelos populares como o 2612A, por exemplo, são oferecidos em torno de R$ 30,00, não vamos entrar aqui na questão de qualidade onde talvez encontre produtos até mais baratos que isso.
Apesar disso digo a nossos clientes que mantenham a remanufatura, pois modelos novos tardam algum tempo em aparecer com opções compatíveis e também gosto de me perguntar e aos meus clientes o que acontesceria se amanhã esse mesmo 2612A compatível não pudesse ser mais vendido, digamos por bloqueio de patente como acontece nos EUA?
Muito se falou sobre a necessidade de agregar valor ao produto ou serviço a se oferecer ao cliente. Se você pudesse aconselhar os remanufaturadores, que valores diria a eles que priorizassem?
Qualidade de produtos e serviços. A qualidade de produtos é onde vemos que os OEM mais atacam o nosso mercado, então nada mais lógico que mostrar ao consumidor final que o produto funciona tão ou até melhor que o OEM, mostrar que além disso o remanufaturado vem com bagagem social (gerando empregos) e ecológica reutilizando material que os OEM, quando muito, recolhem para triturar e reutilizar o plástico.
A qualidade de serviços passa por entender e atender as necessidades de impressão do cliente como já citamos anteriormente, além disso, hoje muitos consumidores corporativos vem exigindo responsabilidade fiscal e social de seus fornecedores, onde um certificado ISSO 14001, um CADRI ou ISO/IEC 19752, são exigidos, assim como a saúde fiscal da nota.
Você vê alguma mudança no mercado de InkJet?
A HP vem investindo forte no mercado de InkJet SMB, entendo que quando um gigante como a HP se move numa direção, acaba arrastando outros OEM em caso de sucesso e consequentemente todo o mercado de impressão, não quero dizer que com isso o mercado laser deixe de ser o que é hoje, mas devemos ficar atentos.
Quais barreiras dificultam o crescimento do setor?
Informalidade que acaba gerando perda de qualidade seja de produto seja de imagem de mercado ou ambos.
A falta de uma politica voltada ao mercado de ramanufatura, onde o governo poderia reservar uma fatia de seu imenso consumo ao remanufaturado, entendo que os órgãos do governo tenham suas restrições quanto aos remanufaturados, mas ele poderia copiar o que já funciona, como por exemplo, o Banco do Brasil que tem em seu processo licitatório, previsto todo um sistema de aprovação do produto.
Quais as dificuldades você vê no futuro da remanufatura?
As barreiras tecnológicas (chip), como no caso dos modelos da Lexmark T650 / E260 / 360, por exemplo.
A credibilidade para com o mercado remanufatura, novamente citando qualidade de produto, serviços e fiscal da empresa, como pontos cruciais a serem desenvolvidos para atingir essa credibilidade.
Quais fatores prejudicam o crescimento do toner laser colorido?
No mercado de remanufatura, a falta de conhecimento técnico tem feito com que muitos remanufaturadores deixem de trabalhar com os coloridos e permaneçam remanufaturando somente cartuchos monocromáticos. Mas vejo que muitos que se propõe a fazer a remanufatura dos coloridos com produtos de qualidade e treinamento tem se dado muito bem, justamente pela menor competição nesse segmento.
A crise: ajudou ou prejudicou nosso setor no Brasil?
A palavra CRISE para o pessimista é sinônimo de “desespero”, para o otimista é sinônimo de “oportunidade”, li vários relatos que para os OEM a CRISE teve forte impacto, pois o mercado automaticamente ao ouvir essa palavra, assiona seus mecanismos de controle de gastos, o que os impulsionou diretamente para o nosso mercado, no Brasil não foi diferente, mesmo sem termos sentido a CRISE na intensidade de EUA e EUR, num primeiro momento todos pensaram em contenção de gastos, hoje o Brasil é alardeado aos quatro cantos do mundo como o lugar para investimentos, a situação é de otimismo, emprego em alta, salários, nível de vida; precisamos investir em educação e infraestrutura para sustentar esse senário.
A Diamond Brasil vive este momento, investiu para crescer, sem deixar de cuidar de sua qualidade de produtos e serviços queremos aumentar ainda mais nossa participação de mercado.
Resumindo a CRISE foi interessante para o Brasil e para o mercado de remanufatura, consequentemente para a Diamond Brasil, espero que nossos governantes saibam aproveitar o momento e preparar o terreno para o futuro. Nos na Diamond estivemos fazendo isso e hoje estamos colhendo os frutos, vamos continuar investindo no que acreditamos ser o futuro do mercado, qualidade em todos os sentidos, somos otimistas e acreditamos no nosso mercado, estaremos apoiando nossos clientes tecnicamente com cursos, palestras ou mesmo um cafezinho frente a frente, apoiaremos no que for preciso para que ele possa participar do crescimento do mercado.
Para mais informação, (11) 5564-2600 ou visite www.diamondbrasil.com
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