Uma grande parte do setor de OEMs é representado por empresas japonesas, e esse domínio no setor existe a quase 30 anos. Em uma matéria realizada pela RTM World foi feito uma retrospectiva para analisar como os japoneses conseguem, até hoje, obter tanta força no setor de OEMs. Se você analisar o setor de OEMs, relacionado as importantes impressoras de toners, MFPs e copiadoras para escritório, vai conseguir observar que de quinze OEMs, onze são japonesas e as restantes não japonesas. Porém se levar em consideração outros tipos de impressoras baseadas em toner, com uma alta velocidade e formato grande vai perceber que de cinco há dois japoneses e três não. A razão para a predominância de OEMs japoneses é, em grande parte, resultado de seu sucesso no campo de copiadoras baseadas em toner.

A tempestade perfeita

No início dos anos 50 até meados dos anos 70, desenvolveu-se uma “tempestade perfeita” no Japão, que afetou o setor. Este resultado não se deu a nenhum fator único de importância, mas sim das convergências das forças de mercado, industriais e sociais. Depois da Segunda Guerra Mundial, a economia, a indústria e a infraestrutura do Japão foram devastadas. Os EUA, por razões geopolíticas, fizeram investimentos significativos na reabilitação do Japão. Isso levou, no início dos anos 1950, o início do crescimento dramático e bem-sucedido de toda a indústria japonesa. Outro fator foi por causa das políticas industriais governamentais japonesas. O objetivo do governo era promover a recuperação industrial e o desenvolvimento por meio da cooperação com empresas privadas. Havia três fases nesta política. A primeira fase, de 1946 a 1949, foi para a recuperação econômica com a economia japonesa sob controle do governo. Próximo, houve a transição para uma economia de mercado de 1949 a 1973 e, posteriormente, um período de crescimento econômico estável de 1974 a 1990, a uma taxa superior à dos EUA. Durante este período, o Japão quase chegou ao seu objetivo de alcançar os países ocidentais avançados.

Fabricação Orientada para a Qualidade Altamente Econômica

Outro elemento foi o desenvolvimento de uma produção orientada para a qualidade altamente rentável. A inovação para o futuro e o aprimoramento da manufatura é derivada do investimento em educação e investimento financeiro. A educação tem o apoio do governo, combinada com a disponibilidade liberal do investimento financeiro do governo e do setor bancário e existe também a receita para o avanço e o sucesso. Durante esses tempos, o Japão se tornou a base manufatureira de baixo custo do mundo, assim como a China esteve no passado. O Japão tornou-se um inovador e líder em tecnologia, assim como a China pretende se tornar no futuro.

Industrialização com uma torção japonesa

Essa necessidade de inovação foi reconhecida pelo Ministério do Comércio Internacional e Indústria (MITI) no final da década de 1970. Em 1979, o MITI propôs o conceito do Japão como uma “nação intensiva em tecnologia” como parte de sua “Visão para a Política Industrial nos anos 80”. A visão afirmava que “um ponto de virada estava chegando, um afastamento de um padrão industrial de “colheita” de tecnologias desenvolvidas nos canteiros do Ocidente, para um padrão de “semear e cultivar” que exibe maior criatividade. Um outro elemento da “tempestade perfeita” foi a importante estratégia e consequência da formação do que é conhecido como o Keiretsu na indústria japonesa. Um keiretsu é um conjunto de empresas com relações comerciais e participações interligadas e é tipicamente agrupado em torno de um grande banco. Os principais Keiretsu existentes hoje são a Mitsubishi (MUFG), a Mitsui / Sumitomo (SMFG) e a Mizuho. Dentro destes Keiretsu existem empresas membros em diversos campos – seguros, imóveis, construção, alimentos, bebidas, eletrônicos, comércio e comércio, veículos, petróleo, máquinas de precisão, indústria óptica, produtos químicos, papel, ferro e aço e transporte marítimo. Esse conglomerado torna cada Keiretsu relativamente autossuficiente e forte. É também uma das razões pelas quais é muito difícil para as empresas não japonesas entrarem em negócios com empresas japonesas, uma vez que a preferência é dada às empresas membros da Keiretsu. O Keiretsu existe desde o final dos anos 40, mas não era um conceito totalmente novo. Historicamente, a indústria japonesa foi organizada na forma de agrupamentos conhecidos como Zaibatsu. Estes eram agrupamentos de empresas feitos com base em laços familiares. Por uma variedade de razões, os Zaibatsu foram virtualmente eliminados na década de 1930. O desenvolvimento da força industrial pela adesão estrita ao Keiretsu possibilitou uma produção e inovação eficientes e rentáveis ​​e manteve o domínio sobre a economia japonesa na segunda metade do século XX.

Em busca da qualidade

Outro elemento de “tempestade perfeita” é a qualidade. Durante este período no Japão, houve um foco implacável e busca de qualidade. William Edwards Deming, engenheiro, estatístico, professor, autor, conferencista e consultor de gestão americano, contribuiu significativamente para a reputação do Japão de produtos inovadores e de alta qualidade e para seu poder econômico. Ele trabalhou com os líderes da indústria japonesa e é considerado como quem teve mais impacto na indústria e nos negócios japoneses do que qualquer outro indivíduo que não seja de origem japonesa. Muitos no Japão creditam Deming como uma das inspirações para o que ficou conhecido como o milagre econômico pós-guerra japonês. No Japão, em 1951, ele estabeleceu o Prêmio Deming, um prêmio dado a uma empresa por conquistas de qualidade. A Fuji Xerox foi um destinatário do prêmio.

Empresas japonesas começam a fazer copiadoras

Ainda outro elemento de “tempestade perfeita” foi que no início dos anos 50, desenvolveu-se globalmente a demanda das empresas e da sociedade por uma produtividade mais rentável na indústria, incluindo não apenas os meios de produção, mas também a eficiência na administração. A demanda pela copiadora instantânea inovadora cresceu para melhorar o último objetivo. Um fator e impulsionador para a indústria japonesa, além disso, era que, naquela época, canetas esferográficas e de fonte com tinta azulada eram usadas principalmente para criar documentos no Japão. Mesmo que as máquinas de escrever japonesas estivessem em uso, os escritores precisavam de habilidades especializadas para operar máquinas de escrever, tendo uma velocidade de escrita muito mais lenta do que a da caligrafia e as cópias em papel carbono eram de baixa qualidade. Nos anos 60 e início dos anos 70, fora do Japão, a Xerox, estava tomando o mercado pela tempestade. As patentes da Xerox e sua extensa rede de vendas e serviços sustentaram seu monopólio virtual na época. No entanto, a partir de 1970, novos concorrentes começaram a erodir o império da Xerox. Havia alguns produtores americanos e europeus competindo pelo mesmo mercado – IBM, Kodak, American Fotocópia Equipment Co. (APECO), 3M, Olivetti e Smith-Corona Marchant (SCM). Além da IBM e da Kodak, essas empresas usaram o processo Electrofax da RCA Corporation com papel revestido com óxido de zinco sensível à luz ou o processo de papel termossensível 3Ms Thermofax. Destes OEMs não japoneses, somente a Kodak continua com suas impressoras de produção Nexpress. Os engenheiros japoneses sempre procuraram desenvolver a perícia indígena na xerografia. O OEM de copiadora japonesa foi criado quando ficou claro que a crescente demanda por automação de escritório na forma de cópias instantâneas era um mercado com um grande futuro. O OEM de copiadora em desenvolvimento estava focado naquela época em outras áreas de negócios. Por exemplo, naquela época, a Minolta era fabricante de câmeras ópticas, câmeras e binóculos. Em seu trabalho para desenvolver e fabricar copiadoras, eles puderam contar com empresas irmãs em sua Keiretsu para fornecer, por exemplo, produtos químicos como toner da Mitsubishi Chemical, componentes elétricos como motores e comutadores de várias empresas associadas, finanças do Mitsubishi Bank, vidro da Asahi Glass, lentes da Nikon, e a lista continua. Termos de negócios favoráveis ​​foram concedidos a eles, o que lhes permitiu ser rentável e competitivo em termos de preço. Que a Minolta estava estreitamente focada em produtos foi superada pelo trabalho cooperativo e pela diversidade do Keiretsu. Outro elemento do Perfect Storm foi que a posição de mercado monopolista da Xerox gerou pressão antitruste dos EUA que levou a Xerox a ser forçada a licenciar suas principais tecnologias. Naquela época, David Kearns, que era o executivo-chefe da Xerox, disse que a crise enfrentada por sua empresa era que os japoneses estavam vendendo produtos nos Estados Unidos pelo custo de fabricar produtos similares e a Xerox não podia ser competitiva em custos. Concorrentes do Japão que produziam máquinas de alta qualidade e baixo custo usavam novas tecnologias que contornavam as patentes da Xerox. Como exemplo, a Ricoh desenvolveu o processo LTT de grande sucesso usando toner líquido para cópia em papel comum e comercializado através da Savin e da Nashua. As novas tecnologias, a demanda interna japonesa e a rivalidade entre os produtores japoneses geraram um ambiente único para a inovação de produtos e a Ricoh, Canon, Fuji Xerox e Minolta se beneficiaram disso. A Fuji Xerox tinha a vantagem adicional de acesso direto à tecnologia Xerox acoplada.

OEMs japoneses hoje

A força industrial depende da inovação e melhoria contínuas, o que requer investimento. O investimento é possibilitado pela boa rentabilidade que, por sua vez, é possibilitada pela eficiência. Este elemento de tempestade perfeita continua. A taxa de inovação das empresas japonesas em nosso setor aumentou de forma constante e progressiva. Isso levou à apresentação de um grande número de patentes pelos OEMs, protegendo sua PI, particularmente de concorrentes não japoneses. Existe um licenciamento cruzado significativo entre os OEMs japoneses, que fornece à indústria japonesa como um todo uma posição tecnológica muito forte.

Os elementos da tempestade perfeita que levou ao domínio dos OEMs japoneses

O desenvolvimento da indústria global com o domínio de OEMs japoneses tem suas origens bastante distantes no passado. Em resumo, a congruência e convergência dos elementos da tempestade perfeita que levou a isso foram: -A reconstrução da base industrial japonesa após a Segunda Guerra Mundial usando os EUA, bem como o investimento doméstico japonês -O desenvolvimento inicial de fabricação altamente orientada para a qualidade altamente econômica -O desenvolvimento da força industrial em estrita adesão ao Keiretsu -O foco implacável e busca de qualidade em design e fabricação -O crescimento global da demanda por cópias instantâneas distribuídas. -Foco em inovação e desenvolvimento de novas tecnologias -A posição de mercado monopolista da Xerox gerou pressão antitruste dos EUA -Proteção da tecnologia japonesa pela criação generalizada de patentes. Parece que é improvável que esta posição mude a qualquer momento no futuro. A indústria de impressão instantânea está em fase madura agora com todas as implicações que isso tem para atrair novos investimentos.