O paraíso da reciclagem ainda não é aqui:
A União Europeia recentemente determinou que todos os seus países membros reciclem 50% de todo o lixo produzido até 2020, aumentando gradativamente a quantidade até 65% em 2030. Embora esta meta pareça utópica para a grande maioria das pessoas e para os governantes de muitos países, os Suecos já conseguem reciclar e reaproveitar quase todo o lixo que produzem.
Na Suécia a reciclagem é feita de forma tão eficiente, que desde 2011 o país se tornou líder mundial em tratamento de resíduos sólidos e na recuperação energética, destinando menos de 1% do lixo gerado para os aterros sanitários. O restante, cerca de 4,4 milhões de toneladas anuais de resíduos é dividido igualmente, sendo uma parte destinada para a reciclagem para que retorne a cadeia produtiva, e a outra parte é enviada como matéria prima para geração de energia (Waste to Energy ou W-t-E).
A geração de energia através dos resíduos na Suécia é levada muito a sério e feita através de incineração em 32 usinas espalhadas pelo país, que produzem energia e aquecimento para residências, comércio e indústria.
Hoje, algumas destas plantas de tratamento de resíduos e geração de energia têm capacidade ociosa, e, portanto, o governo as autorizou que importassem lixo de outros países Europeus, como Reino Unido, Irlanda, Itália e Noruega. Neste contexto ganham os países exportadores que não têm como dar o tratamento adequado ao seu resíduo e o enxerga como um problema; e ganha a Suécia, que vê no resíduo uma importante matéria prima, produz mais energia limpa e poupa seus recursos naturais.
O tratamento de resíduos e sua história de sucesso na Suécia não é recente. A primeira planta de incineração foi inaugurada em 1904, e, em 1940 a construção de mais plantas permitiram que o gás gerado através da queima aquecesse as residências e gerasse energia para a indústria. A partir de 1970 e com uma maior quantidade de usinas térmicas, o país se tornou autossuficiente em energia e deixou de depender de combustíveis fosseis, como o petróleo, o carvão e o gás natural.
No contra-ponto da Suécia, o Brasil ainda destina cerca de 58% dos seus resíduos para aterros sanitários, 39% para aterros minimamente controlados, ou pior, para lixões a céu aberto. Ou seja, apenas 3% dos quase 80 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente no Brasil são reciclados, e o sistema de incineração de lixo ainda não é utilizado para gerar eletricidade em larga escala.
Portanto, o Brasil da sustentabilidade, da tecnologia verde e da geração de energia limpa tem um longo e trabalhoso caminho a percorrer. O que, se por um lado é bastante desafiador, por outro lado, é encorajador para aqueles que acreditam no potencial, na geração de riqueza e no crescimento deste país.
fonte:Jesus Gomes
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